A normose nos impede de sermos quem realmente somos. O consenso e a conformidade impedem o encaminhamento do desejo no nosso interior. Tornar-se uma pessoa é um caminho. Por intermédio de cada um, o desejo continua sua rota. Trata-se de ir ao encontro da identidade transpessoal. Não basta ser apenas eu, um ego. No interior de cada um de nós podemos sentir o chamado do Self. Através das experiências do numinoso, descobrimos que existe algo maior do que nós. Mas temos medo de enlouquecer, de perder o ego, de perder o que foi construído no ambiente das relações parentais, familiares e sociais. O que temos a perder são as ilusões: as imagens de Deus, as imagens de nós mesmos, as imagens que construímos do que seria um homem ou uma mulher bem-adaptada. A realidade, em si, é impossível de ser perdida.

(Normose – trecho)

Vérus

 2004 inédito em francês